Despretensiosamente interessante
É assim que classifico Hotel Califórnia, HQ escrita por Cleber Augusto com artes de Felipe dias.
Essa Hq começa com um estranho acontecimento que assola o mundo há cada dez anos, a Lua Escarlate que abre um portal que liga o mundo dos homens ao mundo mágico. Durante esse fenômeno, um estranho homem apareceu tocando uma arpa, hipnotizando e levando embora todas as crianças da uma vila chamada Eagles.
Dez anos depois desse misterioso acontecido, somos apresentados a Benz, um garoto que na época do sequestro tinha seis anos e foi o único que teve a sorte de escapar, pois durante o transe ficou preço em uma corda, e foi obrigado ver sua amiga Lucy ser levada.
Benz nunca entendeu bem como as pessoas de sua vila se conformaram tão fácil com aquela tragédia, e sempre nutriu dentro de si um desejo por desvendar aquele mistério e resgatar seus amigos.
Um dia, um gato falante chamado Rudolph lhe aparece e lhe diz que sabe onde encontrar as crianças desaparecidas, e pede que Benz o siga sem fazer perguntas para um lugar desconhecido. E é ai que começa a aventura de verdade.
Sobre o traço.
É bem nítido para mim que o artista bebe fortemente da fonte de artistas como Bryan lee o'malley (Scott Pilgrim e Seconds), porém consegue imprimir identidade própria ao seu traço. Sua quadrinização tem um time bem simples que se enquadra bem ao que a trama pede. Quase não se vê quadros de angulação mirabolante, ou recursos audaciosos de narrativa e isso só faz realmente falta nas sequencias de ação, que acabaram ficando bem monótonas. Mesmo assim, a arte de Felipe Dias consegue ser simplista, sem ser simplória.
Sobre o roteiro.
Essa é a estreia de Cleber Augusto como roteirista. O roteiro ficou interessante, apesar de alguns altos e baixos na trama, como por exemplo, lá pelo fim do primeiro capítulo, quando o gato Rudolph aparece dizendo que sabe para onde as crianças foram levadas. O protagonista até esboça um questionamento, mas a forma como concorda em seguir um gato falante que ele nunca viu na vida ainda me pareceu um pouco forçada. Outra coisa que me incomodou é como em poucas páginas a relação desses dois, até então estranhos se transforma na camaradagem de dois velhos amigos, com brincadeiras e ignorando o fato de estarem em um mundo desconhecido e rumando a um perigo.
Cleber é um bom contador de historias, mas por ser sua estreia, pareceu nesse primeiro volume estar meio apressado para contar muito, em poucas páginas, e acabou deixando alguns pontos bem imprensados, ou apressados. Ou talvez eu simplesmente não tenha pego o que o autor queria passar, sendo assim, espero que no próximo volume essa sensação passe.
E é claro, não poderia deixar de citar, que como fã da banda Eagles, adorei as referencias deixadas a ela na historia, como o Hotel Califórnia, o lugar misterioso para onde as crianças raptadas foram levadas, e que dá título a historia, a cidade do protagonista, chamada Eagles.
Mesmo algumas baixas, a historia é bem contada e faz uso de elementos que fazem dela uma divertida aventura com quê de conto de fadas moderno e que com certeza vai lhe divertir por umas boas horas de leitura. Muitos mistérios foram introduzidos nesse primeiro volume, e me deixaram curioso para a continuação.
Finalizando
Hotel Califórnia é uma HQ que mostra de cara um potencial para ser envolvente, que precisa ser lapidado, mas que está lá. O trabalho conjunto entre Cleber e Felipe dá provas que gerará cada vez mais e melhores frutos. E eu estou ansioso para ver o que vem por ai.
Super recomendo a leitura.
A HQ estará sendo oficialmente lançada na CCXP Comic Con Experience 2016 em um encadernado de 53 páginas, capa colorida e miolo P/B.
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