[Auto Sabotagem] conheça 4 maus hábitos inimigos de sua produção e como evitá-los

By | 01 agosto
Quando se é autor independente, a coisa mais fácil é listar os motivos para o porquê de sua carreira não deslanchar. Basta dar uma passadinha em qualquer grupo de autores no Facebook para constatar.

Ou são as editoras “malvadas e inescrupulosas” que não investem em autores nacionais, talvez o bicho papão das obras estrangeiras que devoram todo nosso mercado deixando meras migalhas para nossos autores. Ou quem sabe o problema de um público condicionado, que não é capaz de reconhecer a sua “genialidade” enquanto autor.

Vai por mim, o que não falta é criatividade na hora do chororô.

Mas, antes que você engatilhe o dedo de xingar muito nos comentários, deixe-me dizer: Sim, eu sei que obstáculos para a carreira de um autor iniciante/independente existem aos montes (se não, eu não teria montado esse blog). Como dizem alguns de meus conterrâneos “O baguiu é doido”.

Porém, um detalhe que sempre me causa estranheza nessa coisa toda, é que no meio desse oceano de textões de autores “injustiçados”, nunca ouvi nenhum deles citar aquele que talvez seja o maior inimigo do autor independente:

Ele mesmo.

Você não leu errado. Muitas vezes você é o pior inimigo de sua produção literária, e o pior, está muito bem equipado nessa missão infame de boicotar a si mesmo.

O autor que se sabota tem nas mãos diversas ferramentas para a tarefa de foder com a sua produção literária, e por tabela, sua carreira.

Essas ferramentas do mal se apresentam na forma de hábitos e ações negativas, que muitas vezes parecem inofensivas, mas que a longo prazo podem realmente destruir seu sonho de ser escritor.
Quer saber quais são esses hábitos nocivos e destruidores de carreiras?

Então, continue lendo esse artigo para conhecer 4 hábitos inimigos de sua produção literária e como evita-los.

Nesse artigo você aprenderá sobre:
Procrastinação
Ego e carreira
Produção e ambiente de trabalho

1 - ADIAR E DISTRAIR

Procrastinar, a palavra profana, o bicho papão que assusta produtores de conteúdo de todas as mídias em todas as partes do globo. Mas, o que é isso, afinal? Vamos a uma situação hipotética para melhor compreender:

Agora é a hora. Estão só você, sua ideia genial e a tela em branco do PC. Está tudo pronto para você começar a escrever o novo sucesso editorial Brasileiro. Surge, então, um vídeo interessante na sua timeline. Ah, não há problema em ver rapidinho e voltar para o texto depois. Você ainda tem tempo, certo? Aí, você vê só mais um, depois outro e resolve postar no face junto com uma frase engraçada e esperar a primeira curtida.

Surgem coisas e mais coisas, afinal, você é muito popular e adora receber comentários nas coisas que posta. Já que o trem está andando, não custa nada dar uma checada no Zap, no insta, no seu e-mail e no resto de suas trocentas mídias sociais.

O único problema é que quando isso acado e você se dá conta, passaram-se horas e você não escreveu mais que um paragrafo. A essa altura você já está fatigado, talvez com sono e sem o menor ânimo para continuar, e resolve adiar a produção para o outro dia, quem sabe.

Isso é procrastinar, Jovem.

Segundo Tim Pychlyl, psicólogo da Universidade do Canadá, a procrastinação, ou mania de adiar uma ação ou tarefa é um problema comum em nossa geração, afetando fortemente estudantes, acadêmicos, e claro, nós, escritores.

Quando procrastina, o individuo está tentando melhorar seu estado de animo, evitando fazer alguma ação ou tarefa que lhe parece desagradável ou pouco prazerosa, buscando atividades mais fáceis, ou de satisfação imediata.

O ato de procrastinar tem forte impacto negativo na vida emocional e financeira, em muitos casos. Quem adia tarefas necessárias tende a sentir-se desmotivado a continuar em frente em seu objetivo, sempre a procurar um pouco de satisfação momentânea antes de finalmente cumprir determinada tarefa considerada enfadonha (mas que lhe traria resultados a longo prazo). Como resultado, o produtor pode se sentir culpado por não ser tão produtivo quanto queria, ligando diretamente sua falta de êxito a esse comportamento nocivo. Em casos mais graves, a procrastinação pode levar até à quadros de depressão.

A procrastinação é mais comum em pessoas impulsivas, com medo do fracasso ou facilmente influenciáveis por opiniões de terceiros. Leia mais sobre o impacto da impulsividade em sua carreira no artigo “Impulsividade e as ciladas que você mesmo cria”.

Procrastinar é considerado por estudiosos um mal tão comum à nossa sociedade atual quanto à depressão. Felizmente, ela não é igualmente tão grave e pode ser tratada de maneira mais fácil e direta. Gurus da psicologia focada no hábito de adiar listam em seus estudos algumas dicas de como combater a procrastinação e aumentar sua produtividade.

Separei para você algumas que funcionam comigo. Vamos à elas:

  • 1 – Encontre em seu dia o momento mais propício para sua produção.
    Aqui você procura aquela hora em que você se sente mais inspirado, e com mais gás para produzir e focar na produção. Todos tem esse momento em seu dia, basta encontrá-lo e, caso nunca encontre em seu dia o momento certo, com o silencio adequado e tudo mais, crie tal momento em seu dia.

  • 2 ­– Quebre o tempo e as tarefas.
    Aqui você tenta dividir tanto o tempo quanto as tarefas em pequenos blocos mais fáceis de serem concluídos. Para isso eu uso o método pomodoro, que me permite programar meu tempo em porções menores onde posso me concentrar mais na tarefa a ser feita, intercalado por pequenos intervalos regulares. Falarei mais sobre esse método em outro artigo.
  • 3 – Recompensas e castigos.Aqui, você tenta se dar pequenas recompensas para cada meta cumprida, não importa se grande ou pequena. Exemplo: Se eu conseguir escrever 500 palavras sobre esse artigo poderei ver aquele vídeo novo daquele youtuber que saiu, ou poderei comer um pouco daquele sorvete que está na geladeira. Caso você não consiga cumprir o que se propôs, basta negar a si mesmo essas recompensas. Vamos, você consegue!

2 -EGO E NECESSIDADE DE TAPINHAS NAS COSTAS

Você está empolgadão escrevendo aquele artigo, texto literário ou roteiro, então você para e diz pra si mesmo: “caraca, essa parte ficou foda. Vou ter que postar”. Daí você vai todo pimpão e posta em seu face/twitter ou sei lá o que. Espera alguns minutos, e nada de ninguém curtir. Mais alguns minutos, até horas, e você não consegue se concentrar mais no texto que está produzindo, e abre compulsivamente a aba do face na busca por aquela curtida. Você só consegue pensar no porquê as malditas curtidas não veem.

A essa altura, você perdeu a empolgação com o que estava produzindo, por dois motivos, aquele tapinha nas costas não veio, e o tempo que você levou verificando e atualizando o seu face procurando curtidas foi um tremendo desperdício. Você fecha o projeto e vai fazer qualquer outra coisa.

E ai, se identificou? Creio que s,im. Isso é o nosso querido amigo ego, mancomunado com o desejo de recompensas imediatas (leia mais sobre isso no artigo sobre ciladas que nós mesmos produzindo para nossa carreira). Esse hábito  também poderia estar incluído na procrastinação, mas acho que ele precisa mesmo de uma atenção especial.

Quando você está no meio de uma produção, quer dizer que você não tem um produto sólido para sair mostrando. Você precisa lutar contra o impulso de mostrar seus projetos antes deles estarem devidamente finalizados. Seja um atleta, artista, ou seja lá o que for, nenhum deles mostra seu trabalho no meio, todos guardam para o público o resultado de muito esforço e aperfeiçoamento, então, por que você, como escritor, vai se dedicar a ficar queimando seu filme mostrando partes dos seus “ensaios” quando poderia guardar para sua plateia o resultado final, trabalhado, e devidamente refinado? Vamos pensar um pouco nisso e banir de vez o facebook de nossa produção?

Para isso, tenho duas dicas que funcionam comigo.

  • 1 – Se afastar o máximo possível desse poço sem fundo da produção que são as mídias sociais. Eu consigo simplesmente não abrir nenhuma enquanto produzo, mas existem também aplicativos de bloqueio que lhe ajudam nessa tarefa. Breve faço um artigo a respeito também.


  • 2 – Sentir o gosto de finalizar.
    Eu sei que falar em finalizar um projeto em um artigo sobre procrastinar e etc. parece meio absurdo. Mas, vai por mim, finalizar projetos é uma sensação ótima quanto mais você tem, mais você quer.

3 - EXCESSO DE ZELO OU DESLEIXO TOTAL

Excesso de zelo
Tá certo que você deve trabalhar muito seu produto (sim, seu livro é um produto) antes de soltá-lo para mundo. Mas, essa máxima só funciona se você obedecer também a ultima parte, que fala sobre soltá-lo para o mundo. Muitos autores possuem um forte senso de autocrítica, que muitas vezes extrapola o nível sadio.

O que acontece é que ao fim (alguns as vezes nem conseguem finalizar) o escritor é atacado pelo grilo da reescrita. E você senta a bunda na frente do PC e rescreve uma cena, uma página, um capitulo ou o livro todo. Seu leitor beta diz que gostou do resultado, mas você não, e mais uma vez vai reescrever algo no livro. Meses se passaram se você não consegue largar mão de seu livro finalizado, sempre aparando ou polindo.

Tenho uma má noticia para você, eu sei que você apenas quer que seu livro fique perfeito. Mas, sabe quando vai conseguir isso? NUNCA.

Como uma mãe zelosa, você só quer o bem para sua criação, e sabendo que o mundo é cruel, hesita em deixa-la ir. Nessa parte é preciso trabalhar o desapego e saber encarar o momento onde tudo que você poderia fazer, foi feito, e deixar seu pássaro voar, seja para mão de leitores fiéis, ou para os dedos de haters fervorosos. Que seja! Você fez seu melhor, e é hora de tocar o barco e partir para a próxima aventura literária.

O ideal nesses casos é se envolver o mais rápido possível com uma produção, seja sua ou de um amigo. Procure distrair-se, quem sabe sendo o beta de um amigo, ou escrevendo uma resenha, qualquer coisa que tire seu ultimo livro da cabeça.

Desleixo e descaso com sua escrita
Eu te pergunto. Para você é comum você ver um médico atendendo de bermuda, um advogado falando errado em frente a um júri, ou um cozinheiro de restaurante que erra a mão no sal em seus pratos frequentemente? Creio que não.

Nenhum desses profissionais pisa na bola porque foram instruídos sobre como e quando fazer seu trabalho de maneira correta, oferecendo o melhor para seu público/ clientes. Profissionais de sucesso também costumam continuar se aprimorando, estudando, fazendo curso para elevar seu trabalho a patamar cada vez mais alto.

Com isso em mente, eu me pergunto por que ainda existe tanto escritor que não leva a sério seu próprio trabalho.

“Ah, mas eu levo a sério meu trabalho sim” disse o cara que não estuda sobre escrita como um todo, acha bobagem releitura e o valor de um bom revisor e que adora xingar quem não gostou do amontoado de erros e incoerências que ele chama de livro.

O autor que encara seu oficio como um hobby, que não necessita de estudo e aprimoramentos, ou que adora chamar escrita torta de estilo está fadado ao limbo dos grupos de “autores injustiçados” do facebook e similares.

4 – NÃO CUIDAR DE SEU AMBIENTE DE TRABALHO

O Feng Shui fala sobre a organização do espaço para canalizar boas energias. Eu não acredito muito nessas coisas, mas concordo que sim, um ambiente mal organizado pode pesar negativamente na produção de um escritor. Mesmo que muitos filmes preguem a imagem do autor genial e recluso que cria muito melhor em meio a sua bagunça particular, quando você parte para outras áreas profissionais (e reais) sempre vai encontrar ambientes de trabalho bem organizados e funcionais.

Você não vai no escritório de um advogado, ou no ateliê de um artista plástico para encontrar bagunça e desorganização. Você encontra um ambiente limpo e harmonioso, onde você se sente bem em ser atendido, e o profissional, obviamente sente-se melhor ainda em trabalhar.

Então, por que você teria de escrever em uma sala bagunçada ou em um quarto cheio de livros espalhados por toda parte? Esqueça o escritor bagunceiro do cinema e concentre o escritor funcional em você. Sei bem que isso pode funcionar com alguns escritores, porém isso é exceção, e não a regra.
Eu sei que muitos não dispõe de escritórios ou áreas maiores para produzir. Mesmo assim, acho que ao menos uma mesinha para chamar de “sua” todos vocês devem ter. Então, organize se espaço, por menor que seja. Crie um ambiente onde você se sinta bem trabalhando e motivado a produzir cada vez mais (As vezes até o uso da musica pode ajudar). Espalhe pelo ambiente símbolos que lembrem ídolos, e objetivos que você deseja alcançar em sua área. Funciona comigo.

FINALIZANDO

Espero que esse artigo tenha lhe ajudado a compreender que muitas vezes o maior inimigo de nosso trabalho está no nosso lado da tela do pc e que o quanto antes compreendermos isso, mais fácil fica eliminar esses hábitos nocivos de nossa vida para poder seguir no sonho de viver  da escrita.

EI, ESCRITOR: RECADO DO BLOG!

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